domingo, 17 de janeiro de 2016

DIVULGAÇÃO : JOÃO LACERDA


ECONOMIA : CONSUMO : Aumento nos preços dos combustíveis leva motoristas a buscarem alternativas

Transporte público e até caronas são soluções para locomoção

Vaniller passou a usar o carro apenas dois ou três dias por semana. Foto: Karina Morais
Vaniller passou a usar o carro apenas dois ou três dias por semana. Foto: Karina Morais

O aumento do preço da gasolina e do etanol mudou o comportamento dos consumidores. Muitas dos que costumavam andar diariamente em seus carros próprios, passaram a buscar outras alternativas para se locomover, como transportes públicos e caronas. Vaniller Duarte, 20, estudante de engenharia química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), sentiu os reflexos do aumento da gasolina e acabou tendo que mudar a sua rotina.

No início do ano passado, quando o preço nas bombas estava em torno de R$ 2,60, ela ia do bairro de Candeias até a universidade de carro todos os dias, mas mesmo assim já reclamava do alto custo. Com o aumento da gasolina, Vaniller sentiu o peso no bolso e começou a reduzir seus custos.

Desde setembro do ano passado, a estudante passou a usar o carro em apenas dois ou três dias durante a semana, quando os seus horários eram mais complicados. Em meio a essa situação e com o aumento dos combustíveis em 2016, Vaniller pretende mudar a sua rotina completamente, passando a ir de ônibus todos os dias para a universidade e mudando seu turno de aulas.

Assim como Vaniller, muitas pessoas tendem a buscar outras alternativas de transporte para reduzir os gastos. Para o economista e professor da UFRPE, Luiz Maia, uma medida muito recorrente – e eficiente – é o compartilhamento dos veículos. “Em situação de crise, as pessoas têm que usar da criatividade para reduzir seus custos.” Sempre que possível, é recomendável que as pessoas reduzam o número de carros nas ruas. Alternativas possíveis são as caronas: casais que tenham dois carros reduzam para um, pessoas que moram próximas e vão para o mesmo local passem a ir juntas, pequenas mudanças diárias que podem fazer a diferença.

Outras medidas eficientes são a redução do uso do ar-condicionado e a opção por veículos menores e mais econômicos. Luiz Maia afirma que mudanças como essas são pontuais, de forma que o retorno não é imediato. “Se compararmos com o mês passado, a diferença praticamente não será perceptível, mas a tendência é que ao longo dos anos cada vez mais pessoas ponham em prática essas mudanças e possamos caminhar para uma sociedade mais sustentável”, afirma o economista.

De acordo com Alfredo Pinheiro Ramos, presidente do Sindicato de Combustíveis de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE), entre janeiro de 2014 e dezembro de 2015, a gasolina aumentou em 28%, fator que ocasionou a redução do uso de carro por parte de muitas pessoas. A redução do consumo de combustíveis foi perceptível: o da gasolina caiu cerca de 10% e o do etanol, 14%. “Quanto maior o valor, o consumo é muito menor. É uma situação preocupante”, comenta o presidente.

Competição entre postos

A oscilação de preços de combustíveis também aumenta a competição entre os postos de gasolina, que tentam manter o valor final da bomba para o consumidor baixo para não perder clientes. A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em sua pesquisa semanal do período de 20 de dezembro do ano passado a 26 de dezembro de 2015, registrou um preço médio da gasolina de R$ 3,668 no Recife, R$ 3,688 em Olinda e R$ 3,503 em Jaboatão dos Guararapes.

Neste mês, os combustíveis sofreram um aumento de R$ 0,10 a R$ 0,15, o que provavelmente ocasionará ainda mais reduções no consumo. Alfredo Pinheiro Ramos, presidente do Sindicato de Combustíveis de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE), apesar de se declarar uma pessoa otimista, assume que a situação em 2016 não deverá ser nada fácil. “A redução de consumo está se igualando ao panorama econômico do Brasil, que vive em situação de crise.” Isso porque, o abastecimento de combustíveis é refletido pela situação financeira das pessoas, e, com o aumento das taxas de desemprego, as pessoas vão buscar cada vez mais reduzir os custos, incluindo os combustíveis, buscando formas alternativas de locomoção.

FONTE : DIÁRIO DE PERNAMBUCO

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