sexta-feira, 8 de abril de 2016

ENTREVISTA : Brega da saudade: Augusto César comemora 30 anos de carreira com coletânea

Artista independente busca alternativas para burlar a crise e lança Augusto César Saudades (2016), pelo selo Escalada Records
Para burlar as dificuldades, o artista oferece para o contratante três estilos de shows com três preços diferentes. Foto: NPA Producoes/Divulgacao%u200B
Para burlar as dificuldades, o artista oferece para o contratante três estilos de shows com três preços diferentes. Foto: NPA Producoes/Divulgacao%u200B

Artista independente e de voz marcante, o cantor Augusto César é o dono do terceiro perfil do Viver sobre os veteranos da música brega pernambucana. O artista comemora, neste ano, três décadas de carreira e lança a coletânea Augusto César saudades (2016), com sucessos dos anos 1980, pelo selo Escalada Records. Cantor de sucessos como Escalada e Como posso te esquecer, ele se surpreende ao entrar para o rol dos artistas denominados como "brega das antigas". "Outro dia fui fazer um show e descobri esse título. Acho que foi para diferenciar do novo movimento brega que surgiu", comenta. 


Augusto César Saudades (2016) é composto por canções de artistas como Fernando Mendes, José Augusto, Roberto Carlos, Joanna, Tim Maia e Sandra de Sá, além de hits consagrados na sua voz. "Foi uma década muito importante para a música popular brasileira e que marcou gerações". São músicas que falam do coração, dos sentimentos, dor de cotovelo, saudade, traição e separação. "Tudo isso cria uma magia e o alvo é atingir o cotidiano das pessoas", observa o artista com discografia composta por 17 CDs, 2 DVDs, 5 LPs e um compacto.

Apesar da crise, Augusto continua com a agenda de apresentações em clubes de bairro, churrascarias, festas de casamento e aniversários e constata o retorno de antiga técnica do playback. "Fazia tempo que não cantava desse jeito. De dois anos para cá, tenho recebido propostas assim. É estranho, mas já fiz bastante no início de carreira e em feirinhas típicas nos interiores. A gente colocava a fita cassete para tocar e cantava por cima", relembra. 

Para burlar as dificuldades, o artista oferece três estilos de shows com três preços diferentes para que o contratante possa se enquadrar. O básico é apenas com sua presença, o médio acompanha dois músicos (teclado e guitarra) e o terceiro é com a banda completa (seis integrantes). "Temos que nos adequar a situação que todo mundo está passando", comenta.  

Augusto César deu o pontapé na carreira artística em 1985, mas o primeiro disco veio repercutir somente no ano seguinte. Ele observa semelhanças nos processos de produção e divulgação de discos ao de fabricação e venda de automóveis. "Normalmente um disco é produzido e lançado no final do ano, mas só é trabalhado no ano seguinte, exatamente como os automóveis", explica. 

O artista chegou a fazer quase 30 shows por mês, mas foi alvo das consequências da pirataria e sofreu prejuízos. A saída foi desenvolver um método de divulgação próprio. Ele circula por ruas de grande movimento do Recife e da Região metropolitana para vender pessoalmente seus produtos. "Hoje a sertanejomania tomou conta. Mas é fato que nenhum artista consegue ficar na mídia o tempo todo. Virei um artista popular e era tudo o que eu queria. O artista tem que estar onde o povo está", finaliza.

Artista constata o retorno de antiga técnica do playback. Foto: NPA/Producoes/Divulgação
Artista constata o retorno de antiga técnica do playback. Foto: NPA/Producoes/Divulgação
ENTREVISTA AUGUSTO CÉSAR // cantor

Como se manter no mercado com tantos percalços?
Posso falar por mim. Parti para um trabalho independente focando nas pessoas que já me acompanhavam. Tive o privilégio de atravessar três gerações e conquistei muitos jovens porque são os filhos que cresceram me ouvindo. Meu publico é misto, mas a maior parte tem mais de 30, 40 anos. Algumas casas nas quais cantei no início da carreira, não existem mais. Mas os clubes de bairros não perderam essa caracterítica. Ainda faço show em locais como o Clube Bela Vista, Bonsucesso, Clube das Pás, Batutas de São José, Clubes dos Cisnes, Circulo Militar, o Espaço Várzea, entre outros. 

Você desenvolveu uma forma independente de divulgação. Como funciona?
Ainda sou um pouco arcaico e tenho resistência às redes sociais. Continuo fazendo um trabalho de rua mesmo. Vou para as Ruas da Imperatriz, Sete de Setembro, Rua Nova e visito os mercados públicos da cidade. Além disso, viajo regularmente para outras cidades da Região Metropolitana, como o Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Paulista, Igarassu, Goiana, Camarigibe, São Lourenço da Mata, Limoeiro, Nazaré da Mata e outras. Levo um carro de som, monto um stand de vendas com produtos variados. Por exemplo, ofereço As 20 mais pedidas, Canções Inesquecíveis Volume 1, Canções Inesquecíveis Volume 2, Augusto César cantando Seresta, DVD Augusto César no Clube das Pás (2008),Augusto César com Orquestra e Coral no Teatro Santa Isabel(2010) e o mais novo, Augusto César Saudades (2016). Tem funcionado bem dessa maneira.

FONTE : DIÁRIO DE PERNAMBUCO

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