Segundo especialista, contágio pode ser causado por alimento regado com água contaminada por fezes humanas
Cuidados e muita atenção devem ser tomados ao comprar carnes, pois é importante primar por procedência Creative Commons/Wikipedia
Neurocisticercose é uma palavra que, recentemente, tem sido
bastante comentada, aliada ao caso do ex-jogador do Sport Clube do
Recife, Leonardo, que se encontra internado, em estado grave. Por conta disso o consumo da carne suína começou a ser questionado.
“Ao
contrário do que muitos dizem, o cisticerco não é transmitido pelo
porco. O animal é vítima do ser humano”, explica o médico veterinário e
pesquisador, Nelson Batista. O profissional esclarece que a contaminação
acontece em um ciclo em que o suíno ingere fezes do ser humano
contaminada com os ovos da Tênia Solium - conhecidas por parasitarem o
intestino delgado do homem -, ficando o animal contaminado com o cisto.
Sua carne passa a apresentar uma espécie de verruga, “conhecidas no
interior como carne com 'pipoquinha' ou carne de pérola”, explica.
“A
carne mal cozida irá provocar a tênia, mas não o cisto. Já o que causa a
cisticercose [atinge os músculos] ou a neurocisticercose [atinge o
cérebro] é a ingestão de alimentos regados por água contaminada com
fezes humanas, afinal o homem infectado com a tênia transmite a
cisticercose”. O médico veterinário ainda explica que também há a forma
de contaminação vertical, em que o próprio ser humano pode se
contaminar, caso ele mesmo tenha contato com suas fezes com tênia por
via oral.
O profissional esclarece: qualquer animal pode ser
contaminado com o cisto, caso ingira ovos de tênia oriundos das fezes
humanas, o que significa que essas características apresentadas na carne
dos suínos pode aparecer nas bovinas. “A carne contaminada pode causar a
tênia, mas somente os ovos ou larvas podem causar o cisto e isto só é
encontrado na água ou fezes”, esclarece.
Quais cuidados devem ser tomados na hora de comprar carnes
Apesar
disso, a médica veterinária Naiara Nascimento explica que é possível
comer carnes sem correr risco, mas reafirma a necessidade de consumir o
produto de procedência. “O primeiro passo é verificar se o produto está
embalado adequadamente e se há selo da fábrica ou etiqueta do comércio
atacadista”, esclarece. A profissional explica que neste rótulo é
necessário conter informações como qual é o produto, marca, data de
fabricação e validade. “Além dessa característica, é muito importante
que sejam verificadas a cor da carne [descartar as pálidas ou
esverdeadas], textura e se há líquido dentro da embalagem, pois ele é um
local propício para acumulo e proliferação de bactérias”.
A
médica deixa claro que é importante primar pela certificação das carnes,
afinal, toda indústria e abatedouro legal possui este tipo de registro
de inspeção, seja ele federal [Serviço de Inspeção Federal – SIF],
estadual [SIE] ou municipal [SIM]. “Esses cistos presentes em algumas
carnes se configuram, geralmente, em carnes de feiras ou provenientes de
abatedouros clandestinos, pois em abatedouros certificados este tipo de
carne é condenada, não sendo possível ser vendida”, pontua.
FONTE : PORTAL LEIA JÁ